Cheguei sem entender o porquê de estar aqui. No entanto, o processo com a madre Ayahuasca foi extremamente generoso em me mostrar tantas respostas valiosas.
Cura! Cura do feminino que acolhe e regenera.
Coragem! Coragem para fazer a travessia. Travessia essa regada a muitas águas, as quais movimentaram a estagnação interna do meu ser, fazendo me pousar na cristalina pureza da essência divina.
Travessia iluminada pelo fogo sagrado, cujo papel por meio de sua capacide de manipular, foi transmutar as emoções até então liberadas pelas minhas águas estagnadas. Fogo que dança, nutre e acolhe.
Travessia movimentada pelos ventos da mudança anunciando a morte trágica do velho. Ventos que sopram as boas novas da sombria lua nova que, ocultada no céu, revelou tanta luz no paradoxo mágico do grande mistério.
Travessia ancorada pela pachamama. Terra, a raiz da ancestralidade materializada na potência da vida de uma árvore. Pude respirar e coexistir com a atmosfera inebriante da floresta verde e úmida.
Minhas veias e artérias se completam em uma rede única do milagre da existência. E assim fazem pulsar meu coração.
Como a sabedoria das árvores, me lembro de minhas profundas raízes interconectadas, e percebo que não estou sozinha. O Universo é vasto e abundante.
A senhora árvore me convidou para adentrar em seu mundo. Suas raízes nutriram e acolheram minha história Ancestral de uma forma única e singular.
Os 4 elementos então me fizeram expandir. De dentro para fora. Expandir a consciência universal.
Pode parecer simples tudo o que escrevo aqui. Mas o simples quase nunca é fácil.
Olhar de frente para o sofrimento e dar de cara com meu apego a ele foi tarefa árdua. Ainda mais quando, na miração, a Deusa Kali se apresentou para mim e validou a destruição do velho de forma bela porém temida. Destruir o peso desnecessário para que o novo possa ter o espaço de adentrar e preencher o então vazio.
Vazio que é o lugar do desejo, de sentir que falta algo e mirar para que esse lugar seja completado.
Vazio, caos, ordem, expansão, potência e luz. O ciclo natural da vida que segue seu fluxo.
Luz que saiu do meu coração para transbordar e integrar minha criança tão ferida e sedenta de atenção.
Foi aí que entendi que somente eu tenho o poder de ofertar esse amor a ela. Pude mostrar a ela que é possível se expressar com segurança pois sua versão adulta está disponível para abraça-la. Sem julgamentos, sem projeções e sem cala bocas.
De coração para coração essa luz se fundiu e se transformou em um único sorriso franco e honesto de quem agora está livre para viver a sua verdade.
E que minha garganta seja potente para sustentar a voz da minha alma.
Haja o que houver!
Com carinho
Thais Zariz
Maravilhoso!